29 de Agosto de 2016 - Rondoniaovivo.com
Os Anjos Também Morrem
Arimar Souza De Sá
A morte é o silencio da vida. É o fim de um ciclo e o começo de outro nas asas da eternidade.
Na segunda feira, 22/08, foi estar com Deus meu segundo irmão, ADIMAR SOUZA DE SÁ, aos 55 anos. No confessionário, Deus há de ter dito, “deixai entrar que esse é um dos nossos”.
O meu irmão desde a nossa infância e juventude, comportava-se como quem não tinha pressa de chegar. Era alegre, brincalhão, sobretudo quando tomava uma cervejinha. Aí ele contava piada, dançava, gostava de colocar apelido nas pessoas que gostava.
Não tinha ganâncias, tinha bom coração, diferentemente de alguns meninos de sua época.
Empinava papagaio, jogava bolinha de gude (peteca), adorava banhos de igarapés; de chuva, nem se diga!
Chegando dos banhos lembro que ele tremia de frio recorrendo logo à mamãe que o acolhia em uma toalha limpa e o guardava.
Gostava de mim “pra caramba” como dizia ele. Gostava de contemplar as minhas peripécias e imitar-me.
Lembro que na infância, volta e meia a via usando minhas roupas. Ficava “brabo” na hora, mas depois passava. Todo irmão mais novo imita o mais velho. Era uma gostosura a simbiose que existia entre nós dois.
Aos domingos a gente se reunia na casa do papai para o churrasco de sempre. Ali brincávamos como se fossemos eternos, ao som do “Kilombra”, como ele batizou o grupo, composto por meia dúzia de amigos e os demais irmãos, cantando samba e batucando até o anoitecer.
De quando em vez, o vizinho dos fundos reclamava da bagunça, mamãe pegava os instrumentos desligava da tomada e os escondia. Ele sempre protestava, mas depois se convencia e ia embora.
Não havia rusgas entre nós porque os ensinamentos de nossos pais são lastreados no amor familiar, o que nos tornava um só corpo.
Lá em casa é assim, os filhos dos irmãos, são apêndices de nossas vidas. Filho meu é filho é filho teu, dizíamos como se a família fosse uma pipa jogada ao infinito sob a linha tênue de um carretel que a mantinha equilibrada ao sabor do vento.
Por isso, essa morte repentina do meu mano pegou frontalmente a todos nós, está doendo muito, é como se uma lança tivesse cortado um dos meus braços e lançado parte do meu sangue ao infinito e eu sem eu ter a quem recorrer.
A dor, creio, deve um instituto no código secreto de Deus, cada um a sente conforme o conhecimento desse código. Não sei lidar com meu código, choro, indago a Deus, brado aos céus...
A minha dor hoje é dor profunda, dessas que ultrapassa os lindes do meu corpo para atingir a alma e fico sem chão.
Mas sei também que a dor é parceira do amor, porque somente sente dor quem tem amor e meu amor pelo meu irmão era incondicional, não tinha preço, mas tinha a espessura do mundo, e ele sabia.
Nestes momentos assim, ante o cepo do destino, meu coração se partiu, o chão que pisamos desapareceu, é como se por ali tivesse passado um furacão.
Ontem à noite não dormi e, na madrugada, olhei para o céu e indaguei:
Oh! Deus, Deus das chuvas, das estrelas, Deus dos mares;
Deus, dos aflitos, dos que sentem dor; porque fizestes isso com gente?
Deus, da compaixão, do perdão e do conforto, refrigera minha alma e da minha família, sobretudo dos meus pais, já idosos com dificuldade de lidar com lanças assim, tão fortes que fazem tanto sangrar o peito e os fazem perder o resto de vigor que ainda possuem.
Deus nosso de cada dia, alivia a dor dos meus outros irmãos que hoje choram sem entender os motivos pelos quais tivestes a coragem de fazer esse chamado tão repentino, de tirar a vida do sangue do nosso sangue.
E, nesta hora, fragílima dê-me força então meu pai para caminhar, razões para entender o teu desígnio e justificativas para digerir o porquê de tirar de nosso convívio, alguém assim, tão jovem, tão caro pra nós, no início da maturidade e com tanta vida pela frente...
Sem respostas, agora, quero falar contigo meu irmão ADIMAR querido nosso.
Foram bons, maravilhosos os dias que passastes com a gente e, mesmo sabendo que agora estás no céu, saibas que todos nós estamos chorando, porque queríamos que ficasse mais 55 anos por aqui para celebrarmos darmos prosseguimento a celebração da vida e do amor, como fizestes enquanto esteve entre nós.
Por isso, a imagem que queria tua meu mano, era esta, por isso relutei em ir pertinho da “urna” te ver de olhos fechados para a vida aqui fora.
Fica na paz ADIMAR, cultivaremos teu legado com a saudade e saiba que tua lembrança jamais cessará em nossos corações, assim como teu sorriso que para nós será sempre eterno.
Descanse nos braços de cristo meu irmão. AMÉM